Cartografias do Conflito: Rio de Janeiro

Boletim nº 5 – 05 de novembro de 2019

 

O IPPUR divulga o lançamento do livro “Cartografias do Conflito: Rio de Janeiro”, lançado no dia 26 de outubro durante o evento “Porto Maravilha 10 anos: presente, passado e futuro da zona portuária”. A publicação, que conta com textos de pesquisadores do ETTERN/UFRJ e GPDU/UFF, apresenta por meio das cartografias os agentes e os processos que definiram e materializaram o excludente projeto de cidade concretizado na Era Olímpica. E, ao mesmo tempo, evidencia como esse processo foi intensamente confrontado por lutadoras e lutadores no Rio de Janeiro.

Lançado no Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira, onde aconteceu o encerramento do evento “Porto Maravilha 10 anos: passado, presente e futuro da zona portuária”, “Cartografias do Conflito: Rio de Janeiro” tem como organizadoras a profª Fernanda Sánchez e a mestranda do IPPUR Paula C. Moreira. A publicação conta também com textos do profº Renato Emerson dos Santos e do doutorando do IPPUR Thiago Pinho sobre a região portuária.

O livro “Cartografias dos Conflitos: Rio de Janeiro é uma obra coletiva que reúne contribuições de pesquisadores do laboratório Estado, Trabalho, Território e Natureza (ETTERN/IPPUR) da UFRJ e do laboratório Grandes Projetos de Desenvolvimento Urbano (GPDU), do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo (PPGAU) da UFF, vinculados ao Projeto de Pesquisa “Planejamento e Conflitos Urbanos: Experiências de planejamento urbano em contextos de conflito social”, apoiado pela Fundação Ford e desenvolvido no período 2015 a 2019.

Segundo Fernanda Sánchez e Paula C. Moreira, pelo debate das cartografias o livro busca apresentar de forma crítica os agentes e os processos que definiram e materializaram o excludente projeto de cidade concretizado na Era Olímpica, mas ao mesmo tempo, evidenciar como esse processo foi intensamente confrontado por lutadoras e lutadores no Rio de Janeiro.

“Não menos importante nesta dimensão política da cartografia, os mapas pretendem incitar à reflexão acerca da mídia como um poderoso agente da estratégia discursiva do  legado, de forma a alcançar os cidadãos cariocas, inclusive por meio de constantes editoriais patrocinados por agentes das grandes empresas imobiliárias e das grandes obras públicas”, afirmam as organizadoras.

Os primeiros três capítulos discutem as dimensões raciais, da cultura e do setor imobiliário imbricados na produção e disputa da região portuária do Rio de Janeiro, de forma que essas análises se complementam para a compreensão dos mais variados conflitos acirrados pela implantação da Operação Urbana Porto Maravilha.

O primeiro capítulo, “Repertórios Espaciais de ação na Luta Anti-Racista: O Caso da Pequena África no Rio de Janeiro” foi encomendo para a publicação ao profº Renato Emerson dos Santos, que discute a história espacializada dos movimentos de r-existência da população negra na região da Pequena África.

O segundo capítulo, “Dinâmica imobiliária: para onde sopram os ventos”, foi produzido por Thiago Pinho e Paula Cardoso, e articula diversos insumos da pesquisa sobre a dinâmica imobiliária na área da Operação Urbana Consorciada.

O terceiro capítulo, “Cartografia cultural: o caso do Porto Maravilha”, de Fernanda Sánchez, Amanda Wanis, Ana Carolina Machado e Antônio Pimentel Júnior, apresenta as disputas, assimetrias territoriais e desigualdades em torno ao fomento à cultura no porto, no contexto dos grandes eventos esportivos.

Os desiguais e históricos agentes que são desvelados pelo conflito no porto aparecem também nos três outros artigos que seguem, já em uma escala ampliada de análise. Assim, o quarto capítulo, “O Mapa-Intervenção: Perturbando Narrativas Oficiais da Cidade”, de Rosane Rebeca Santos, Grasiele Magri Grossi e Marcus Cesar Martins da Cruz, a partir da discussão metodológica da cartografia, propõe o mapa-intervenção, como uma produção de caráter relacional e articuladora de recortes, estratos e segmentos de processos complexos.

O quinto capítulo, “Cartografia Crítica do Deslegado Olímpico”, de Fernanda Sánchez, Poliana Gonçalves Monteiro, Ana Carolina Marques Machado e Paula Cardoso Moreira, propõe uma análise sobre diferentes tipos de conflito decorrentes ou intensificados pelos megaeventos esportivos sediados no Rio de Janeiro. Ao evidenciar e confrontar a narrativa oficial acerca das intervenções e destacar as narrativas resistentes, as autoras possibilitam a reflexão crítica acerca do legado.

O sexto e último capítulo, “Cartografia, Estigmatização e Visibilidade” de Rosane Rebeca dos Santos, foi escolhido como fechamento da publicação justamente pela sua proposta de reflexão metodológica em torno da cartografia, assim como as disputas pela representação implicadas em sua produção.

De acordo ainda com as organizadoras, “muitas dessas inquietações sobre a relação espaço-temporal procuraram desvelar a ‘história que a história não conta’ e foram criadas em relação aos conflitos de hoje, que se voltam para a memória de forma posicionada, atenta às estruturas e instituições que compõem nosso contexto presente.”

 

O livro “Cartografias do Conflito: Rio de Janeiro” está disponível aqui para download em formato PDF e e-book.