Reconhecimento e homenagem ao Coletivo Maria José Justino por Ações Afirmativas

Boletim nº 75, 30 de novembro de 2023

Colaboraram com a matéria os/as discentes do GPDES Lidiane Duarte e João Pedro Ferrari

 

No último dia 9 de novembro, em sessão solene da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, o Coletivo Maria José Justino por Ações Afirmativas, formado por membros da comunidade do IPPUR, recebeu uma Moção de Reconhecimento e Louvor por sua atuação no combate ao racismo e pela promoção da equidade racial. O evento foi uma iniciativa da vereadora Monica Cunha (PSOL), presidente da Comissão Especial de Combate ao Racismo, e homenageou mais de 100 organizações e personalidades negras atuantes nas áreas da cultura, pesquisa, literatura e militância antirracista.

Doutoranda do IPPUR e técnica em assuntos educacionais no Instituto, Ana Cristina dos Santos Araújo foi à Câmara receber a homenagem.

Você sabia que o IPPUR tem um coletivo negro voltado para o debate e a implementação de políticas afirmativas e antirracistas?

Fundado em 2015, o Coletivo Maria José Justino teve como principal motivação para sua criação o debate sobre a implantação das cotas raciais na pós-graduação do IPPUR.  O nome do Coletivo faz homenagem à conhecida Dona Zezé, servidora da UFRJ que atuou como copeira no IPPUR até sua aposentadoria em 2020. 

Ana Cristina conta que “em 2014, em conversas sobre a política de admissão da banca de seleção de mestrado do IPPUR, a professora Cecília Campello Mello, então vinculada ao IPPUR, havia percebido um padrão de seleção de somente um negro em cada turma aprovada, número extremamente baixo se levado em conta o sentido plural que tem se buscado obter nas universidades federais”. A experiência que inspirou a criação de cotas no Instituto veio de outro programa de pós-graduação da própria UFRJ, no Museu Nacional, onde a professora também atuava.

Para fomentar e aprofundar a discussão em torno da questão racial na universidade, foi criada uma disciplina de extensão, além de debates abertos no Instituto que ajudaram a consolidar uma proposta para a implantação

Em oito anos de atuação, o Coletivo, que tem hoje cerca de 32 integrantes, promoveu importantes debates e incidiu sobre a formulação das políticas de cotas raciais e distribuição de bolsas na pós-graduação, entre outras pautas. Uma das ações mais importantes do grupo é a realização anual do Preparatório para Negras/os Milton Santos, um curso voltado para a preparação de pessoas interessadas na seleção do mestrado e doutorado em Planejamento Urbano e Regional do IPPUR. O curso é oferecido gratuitamente e conta com a colaboração de pós-graduandos/as da instituição. 

A luta por igualdade racial segue em curso

O Coletivo segue atuante em defesa de uma participação equitativa de negras e negros no Instituto, não apenas visando uma maior inserção nas vagas de pós-graduação, mas compreendendo a participação no sistema educacional como processo contínuo. Segundo Ana Cristina, a inclusão de perspectivas negras precisa estar também na bibliografia dos cursos, na compreensão das políticas públicas e na atividade de docência.

Atualmente uma das principais pautas colocadas pelo Coletivo é a priorização da contratação de professores negros no IPPUR e o impedimento de retrocessos em relação à política de cotas raciais na pós-graduação conquistada com muita luta coletiva e que envolve, além da política de ingresso, uma política de bolsas capaz de contemplar pesquisadores vulnerabilizados pelo racismo.