#Boletim 80
Boletim nº 80, 1º de julho de 2024
Herança Africana e o papel da disputa epistemológica na cidade do Rio de Janeiro
Utilizando a Pequena África e o passado colonial da cidade do Rio de Janeiro como pano de fundo, estudantes do Curso de Especialização em Cidade, Políticas Urbanas e Movimentos Sociais refletem sobre como os sistemas de dominação – o capitalismo, o racismo e o sexismo – se articulam a partir da lógica colonial para a produção de uma ordem social e econômica fundada em hierarquias e desigualdades e de uma epistemologia hegemônica e excludente. Ao resgatar a herança histórica da comunidade negra do Rio de Janeiro, a Pequena África permite não apenas recuperar a identidade cultural e a contribuição africana para a formação social do país, mas também contestar o domínio colonial sobre a forma de se produzir história e memória.
Estudantes do curso de especialização Cidades, Políticas Urbanas e Movimentos Sociais do IPPUR relacionam experiências vivenciadas durante a visita guiada, pelo Instituto Pretos Novos, ao Circuito de Herança Africana e o conteúdo das aulas sobre o capitalismo e a construção da cidade moderna. O texto discorre sobre o processo de concretização da colonialidade do poder na área da Pequena África através dos apagamentos históricos recorrentes e reflete sobre a necessidade de vislumbrarmos novas perspectivas e epistemologias que valorizem a história negra para pensar a cidade.
O Gênero e a Sexualidade numa Perspectiva Transfeminista
Cris Lacerda, mestrande em planejamento urbano e regional pelo IPPUR, analisa as teorias críticas de gênero e sexualidade construídas pelo movimento feminista desde o primeiro pós-guerra, a partir de um constructo trans-epistemológico, a fim de constituí-las como ferramentas conceituais que levem à compreensão do transfeminismo como uma nova epistemologia que contemple as experiências individuais e coletivas que ainda hoje disputam as narrativas da cis-heteronormatividade.
No mês de junho, ocorreu o lançamento do primeiro volume da coletânea Inovação no Espaço Sociotécnico, organizada pela professora do IPPUR, Tamara Egler. O livro intitulado “Rede Tecnopolítica, Democracia e Território” reúne produções analíticas de diversas áreas do conhecimento, que versam sobre o tema da inovação, tendo em conta os processos de transformação em curso na sociedade. Segundo a professora, a organização da coletânea busca publicar um acúmulo das pesquisas do INCT Inovação, Redes e Territórios dedicadas a analisar as relações entre os avanços da ciência da computação, seus resultados nas sociedades e seus reflexos nos espaços. Confira o texto de introdução ao volume.
Rio de Janeiro: a capital do G20 e a interação cidadã com o meio ambiente
Extensionistas do projeto “Encontros internacionais ‘O brasileiro entre os outros hispanos’: afinidades, contrastes e possíveis futuros nas suas inter-relações”, coordenado pela professora Renata Bastos, fazem um relato sobre a atividade realizada no dia 8 de junho na Nave do Conhecimento, em Irajá, que debateu sobre os desafios ambientais no contexto da cidade do Rio de Janeiro e do encontro do G20. Confira o relato completo e a programação dos próximos encontros.
No mês de junho, a coluna Observatório das Metrópoles nas Eleições do Rio, da Rede Observatório das Metrópoles, publicou dois textos no Jornal Brasil de Fato: “Urbanização de favelas no Rio de Janeiro: uma agenda prioritária” e “Retomada do Minha Casa Minha Vida: o que os municípios podem fazer para melhorar seus impactos?” Confira as matérias publicadas!
Entrevista do professor Daniel Conceição ao Programa Faixa Livre
Em entrevista ao Programa Faixa Livre em 4 de junho de 2024, o professor do IPPUR Daniel Conceição analisa os efeitos dos dados do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) do mês de Maio e as práticas econômicas do Governo Federal. Segundo ele, o IGP-M representa uma pressão inflacionária referente ao mercado internacional que afeta positivamente apenas o setor exportador, porém negativamente o poder de consumo da população em geral. Ele fala sobre as políticas de reposição e planejamento a longo prazo de melhora da capacidade produtiva e substituição de importações, investimentos que teriam efeitos econômicos positivos a longo prazo e funcionariam como uma boa resposta econômica a esses processos. O professor critica ainda a austeridade fiscal que limita os investimentos públicos, pouco plausível diante das pressões que surgem para um governo com promessas de reconstrução, citando a questão das universidades públicas e da greve dos institutos federais, além de uma análise dos dados do PIB do primeiro trimestre divulgados pelo IBGE e da proposta da segunda parte da reforma tributária.
O podcast Fio da Meada, da Rádio UFRJ, entrevistou a doutoranda do IPPUR, Rita Passos, para tratar da temática dos desastres socioambientais e dos diversos episódios em que representantes de Estado ignoraram estudos que faziam alertas e previam crises, como os alagamentos no Rio Grande do Sul e a ineficácia do uso de cloroquina contra a Covid-19. Na entrevista, Rita fala sobre o conflito de interesses entre a lógica dos grandes grupos e corporações e os dados científicos produzidos pelos institutos de pesquisa para os gestores públicos, além do descompasso entre a priorização de políticas públicas de curto prazo que caibam nos mandatos de 4 anos de governo, de um lado, e a necessidade de projetos de médio a longo prazo para atender às questões ambientais, de outro lado. Menciona, ainda, que as demandas ambientais são geralmente contrárias aos interesses de lucro que, no entanto, se mantêm influentes, haja vista a interferência da lógica mercadológica em processos de reconstrução pós tragédia, como ocorre atualmente em Porto Alegre.
Expediente: Direção Fabricio Leal de Oliveira / Coordenação de Divulgação: Mariana Albinati e Claudia Paiva Carvalho / Editora-responsável: Mariana Guimarães de Carvalho / Assistente editorial: Luís Felipe de Assis do Nascimento / Apoio: Equipe Agência IPPUR.