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Boletim nº 91, 11 de novembro de 2025

 

Fabia Franco

Graduanda de Gestão Pública para o Desenvolvimento Econômico e Social e bolsista PROFAEX.

Letícia Corrêa

Graduanda de Gestão Pública para o Desenvolvimento Econômico e Social e bolsista PIBIAC.

 

No dia 16 de agosto de 2025, às 15h, no Instituto Cervantes do Rio de Janeiro (IC-RJ), os extensionistas e pesquisadores, sob a coordenação e participação da professora Renata Bastos (IPPUR/UFRJ), da professora Sandra Becker (IRID/UFRJ) e do professor Pedro Costa (Colégio Pedro II), do curso de Extensão “Encontros Internacionais ‘O brasileiro entre outros hispanos’: afinidades, contrastes e possíveis futuros nas suas inter-relações”, reuniram-se para apresentar a obra “O infinito em um junco” (2022), de Irene Vallejo – um ensaio premiado que reconstrói, com charme literário, a história da invenção dos livros e do hábito da leitura, desde o mundo antigo, salientando as culturas greco-romanas. Em vez de uma simples resenha, o encontro foi um convite para percorrer as rotas de papiros, bibliotecas e sonhos de conhecimento que moldaram a cultura escrita. O encontro  foi resultado das reuniões que realizamos todas as segundas-feiras sob a orientação dos professores coordenadores. A atividade então se aprofundou nos conceitos centrais da obra, provocando uma reflexão sobre como eles dialogam com os desafios do presente. 

A iniciativa foi organizada pelos extensionistas e pelas professoras já mencionadas, Renata Bastos, Sandra Becker, como também pelo professor Ricardo Marinho (Teia de Saberes) e reuniu estudantes de vários cursos da UFRJ, alguns deles bolsistas PIBIAC/UFRJ e PROFAEX, além de secundaristas do Colégio Pedro II. Inclusive uma delas bolsista PIBIC-Ensino Médio do projeto. O grupo destacou o caráter híbrido do texto de Vallejo: erudição clássica servida em prosa de romancista, que transforma episódios da Antiguidade em provocações bem atuais. A autora mostra como a passagem da oralidade para a escrita foi uma revolução silenciosa: os aedos que improvisavam poemas deram lugar a textos fixos, preservando saberes, mas também perdendo a fluidez e a interação coletiva. Trazendo à tona os desafios contemporâneos da digitalização e das novas formas de guardar ou esquecer memórias.

No dia do evento, a professora Renata Bastos apresentou a programação do curso, sua metodologia, parcerias, pesquisas e ações já realizadas, destacando, sobretudo, o cronograma das atividades de extensão e pesquisa. Foi ressaltada a parceria estabelecida com o Instituto Cervantes do Rio de Janeiro (IC-RJ). Sua sede principal, localizada em Madri, foi criada em 1991.O Instituto Cervantes é uma instituição pública voltada à promoção da língua espanhola e à difusão das culturas hispânicas no mundo. Conta atualmente com mais de cem centros em cinquenta países, oferecendo cursos de espanhol, exames de proficiência e ampla programação cultural; inclusive o IC-RJ tem parceria com a UFRJ. 

A preparação para a atividade foi cuidadosa e estendeu-se ao longo de quatro meses. Entre maio e agosto, os extensionistas, pesquisadores e professores se reuniram semanalmente para apresentar os capítulos da obra e lapidar suas falas coletivamente. O grupo buscou traduzir a densidade do livro em uma experiência dinâmica e inspiradora para o público. O processo, exigente pelo volume da obra e pela riqueza de referências, tornou-se também um exercício de aprendizado compartilhado e amadurecimento crítico.

A atividade foi transmitida ao vivo pelo Instagram do Instituto Cervantes do Rio de Janeiro, permitindo que interessados de diferentes lugares acompanhassem o encontro. Dessa forma, o evento reafirmou o compromisso da extensão universitária em criar pontes entre a universidade e a sociedade, promovendo a circulação de saberes e ressaltando a literatura como forma de compreensão do mundo.

O encontro se configurou como espaço de aprendizado, em que os professores e diferentes gerações de estudantes puderam se encontrar, junto com o público presente, em torno da leitura e do diálogo democrático. A obra de Irene Vallejo serviu como fio condutor para pensar a permanência das palavras e a responsabilidade coletiva diante das formas de transmitir conhecimento e incentivar a leitura. O evento, assim, reafirmou a pertinência da extensão e da pesquisa universitária em criar vínculos, estabelecer diálogos e abrir horizontes para outras formas de aprender e estar no mundo.

 

REFERÊNCIAS

VALLEJO, Irene. O infinito em um junco. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2022. 

INSTITUTO CERVANTES DO RIO DE JANEIRO. Irene Vallejo: a invenção dos livros no mundo antigo. Disponível em: https://www.instagram.com/reel/DNbdD_tP6rY/?igsh=MWRqYTQxMTlubzFudQ== Acesso em 15 de out. de 2025.