Mulheres na Fiocruz: Pioneiras
Boletim nº 43 – 24 de fevereiro de 2021
Por Yêda Assunção1
Em 2015, a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o “Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência” a fim de homenagear as pesquisadoras e cientistas que têm contribuído, através de seus artigos e pesquisas científicas e tecnológicas, para o desenvolvimento da ciência. Em 2019, a Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) incorporou a comemoração em seu calendário e, no dia 11 de fevereiro de 2021, realizou o lançamento do documentário2 que celebra a história das pioneiras, as primeiras mulheres cientistas da Fiocruz.
Trata-se do início da trajetória da primeira geração de mulheres no meio científico e a divulgação do trabalho notável desenvolvido pelas pesquisadoras. Após a Segunda Guerra Mundial, apesar das restrições, um número significativo de mulheres de classe média ingressou no espaço institucional. Esse processo marcou a década de 1950 acompanhado pelas importantes mudanças socioculturais nas grandes cidades brasileiras, na busca por superar os desafios daquela sociedade. Elas lutaram por seu posicionamento e formaram a primeira geração de brasileiras a terem acesso ao ensino secundário e universitário; engajaram-se nas mais diversas profissões, inclusive como cientistas pioneiras, a exemplo de Dyrce Lacombe, Anna Kohn, Luiza krau, Otillia Mitidieri, Monika Barth, Delir Corrêa Gomes, que foram estimuladas e apoiadas pelos professores Lauro Travassos e João Teixeira de Freitas, grandes captadores e incentivadores de jovens talentos, que vislumbraram potencializar os conhecimentos das jovens através das primeiras pesquisas em laboratório e artigos.
Desse movimento, destacam-se os estudos da poluição da Baía de Guanabara, realizados por Luiza Krau, os trabalhos publicados na Academia Brasileira de Ciência e na Revista de Biologia, e a estreia de um programa de televisão, em 1960, o “Ciência no ar”, como inovações da década.
Em 1950, o Instituto Oswaldo Cruz completou 50 anos, ampliando as oportunidades para o ingresso de mulheres jovens e formadas em cursos de medicina, química, farmácia e história natural. Muitas iniciaram no Instituto como estagiárias, tinham acesso ao laboratório do Museu Nacional e promoveram a conexão e integração entre as pesquisas realizadas pelas instituições de ponta.
Atualmente, a Fiocruz é composta, em sua maioria, por mulheres que ocupam cargos de gestão, incluindo a Presidência, com a socióloga Nísia Trindade Lima, e a coordenadora do estudo com a vacina BCG para prevenção da Covid-19, Margareth Dalcolmo.
A partir da história das servidoras e pesquisadoras da Fiocruz, importante instituição pública de pesquisa em prol do bem-estar e da cidadania no Brasil, reiteramos nossa admiração e respeito à atuação das mulheres na ciência.
Referências:
KORN, Anna; GOMES, Delir Correa; LACOMBE, Dyrce; KRAU, Luiza; BARTH, Monika; MITIDIERI, Ottilia. “Mulheres na Fiocruz: Pioneiras”. Casa de Oswaldo Cruz. Disponível em: https://youtu.be/uPOD80pIZB0. Acesso em fev. 2021.
CASTEL, Robert. As metamorfoses da questão social:. Uma crônica do salário. Petrópolis: Vozes, 1988. Capítulo VII.
1Graduanda em Gestão Pública para o Desenvolvimento Econômico e Social (IPPUR/UFRJ).
2Para ter acesso ao documentário, clique aqui.