Desmatamento no Cerrado e resistências nos territórios

Boletim nº 36 – 30 de setembro de 2020

 

Por Diana Aguiar[1], Eduardo Barcelos[2], Marcela Vecchione[3], Maurício Correia[4] e Paulo Rogerio Gonçalves[5]

 

“Apesar de toda violência e devastação, no Cerrado r-existem povos e comunidades diversos, lutando para manter seus territórios de direito, assegurar a conservação das matas, da biodiversidade e das águas, base fundamental para a reprodução sociocultural de seus modos de vida.

O Cerrado já teve mais da metade das suas matas nativas devastadas, ao longo do tempo, em razão, sobretudo, da expansão da fronteira agrícola. O processo de modernização conservadora da agricultura na região, a partir da década de 1960, conectada à Revolução Verde, foi favorecendo essa expansão avassaladora do desmatamento. Mas não se trata de um fenômeno relegado ao passado. Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE, de 2001 a 2019 foram 28,40 milhões de hectares de cerrados desmatados, o que nos mostra a continuidade, a velocidade e a dimensão dessa devastação.

Essa situação se agrava todo ano no período mais seco (entre maio e setembro), quando as queimadas se alastram com mais facilidade e o desmatamento se expande com intensidade ainda maior. Porém, desde que o governo Bolsonaro começou a minar a capacidade das instituições públicas de monitoramento e controle do desmatamento – como o próprio INPE e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) – e, ao mesmo tempo, dar mostras de leniência com o desmatamento, a situação passou a ser ainda mais dramática nos territórios do Cerrado, da Amazônia e do Pantanal. (….)”.

Para ter acesso ao artigo na íntegra, clique aqui.

*O artigo foi publicado na revista Le Monde Brasil Diplomatique.

**A foto de destaque representa “Dona Isabel colhendo capim dourado_Crédito_ Comunidades Quilombolas (Acervo APATO)”.

[1]Assessora da Campanha Nacional em Defesa do Cerrado e Doutora em Planejamento Urbano e Regional pelo IPPUR/UFRJ.

[2]Professor do IF Baiano, Campus Valença – Bahia e Doutor em Geografia pela UFF.

[3]Professora do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (NAEA) da Universidade Federal do Pará (UFPA) e membro do Grupo Carta de Belém.

[4]Advogado popular, Coordenador da Associação de Advogados/as de Trabalhadores/as Rurais (AATR) – Bahia, e especialista em Direitos Sociais do Campo pela UFG.

[5]Técnico da Associação Alternativas para Pequena Agricultura no Tocantins – APATO.