Livro organizado por professores do IPPUR discute o tema das cidades inteligentes
Boletim nº 73, 30 de setembro de 2023
Os professores do IPPUR Lalita Kraus, Rosangela Luft, Paulo da Costa Reis, Fábio Pimentel de Oliveira, Deborah Werner e Aldenilson dos Santos Vitorino Costa são os organizadores de uma obra coletiva que reúne contribuições em torno do tema das cidades inteligentes. O livro é resultado do projeto de pesquisa intitulado “Desigualdades territoriais e serviços públicos: o Estado do Rio de Janeiro no contexto das cidades inteligentes” e tem como propósito central debater criticamente os discursos e modelos de cidades inteligentes disseminados nos campos acadêmico e político, confrontando essas propostas com as complexidades socioeconômicas brasileiras e situando espacialmente os debates, com destaque para os municípios e para o estado do Rio de Janeiro. A proposta do livro é realizar uma análise crítica dos discursos, políticas e projetos para cidades inteligentes, avançar no debate de algumas experiências de implementação e apresentar alternativas insurgentes desenvolvidas socialmente, levando em consideração o contexto brasileiro de consolidação histórica de desigualdade socioespacial.
Considerando a crescente pressão para adesão dos municípios ao ideário das cidades inteligentes e a recente proposta de federalização da agenda, surgem novas questões relativas à ética, direitos e cidadania que, por trás da legitimidade técnica, podem comprometer ulteriormente o direito à cidade. O direito à cidade é entendido muito além do acesso individual aos recursos públicos; trata-se, na verdade, de uma construção coletiva de uma visão mobilizadora de uma cidade socialmente mais justa, em que a igualdade de oportunidades para o bem-estar material, o reconhecimento e a tomada de decisões democráticas sejam princípios centrais. Considerando estas premissas, um conjunto de perguntas nortearam a organização do livro: de que forma a aplicação do conceito de cidade inteligente lida com as desigualdades territoriais na oferta de serviços públicos? Quais são as principais componentes e características que definem o arranjo institucional, tecnológico, jurídico, político e econômico do modelo de gestão urbana inteligente? Seu arranjo institucional incorpora a dimensão participativa? Em sua concepção predomina uma visão tecnocrática que interpreta a tecnologia como algo indiscutivelmente positivo? É possível imaginar tecnologias emancipadoras?
A partir dessas perguntas, o livro pretende estimular reflexões críticas acerca de diferentes aspectos do regime sociotécnico que rege modelos urbanos inteligentes e o uso de tecnologia no contexto urbano, com o intuito de reconhecer a importância de desmistificar agendas políticas hegemônicas, evidenciando seu sentido conflitivo, e disputar um sentido de “inteligência” (smartness) verdadeiramente inclusivo e socialmente justo. Assim, as seções propostas no livro articulam a apresentação de atores, escalas e discursos que determinam a mobilidade, a adesão e a implementação da agenda das cidades inteligentes, ao mesmo tempo em que são evidenciadas as contradições e oportunidades existentes a partir de experiências concretas hegemônicas de implementação de tecnologias de comunicação e informação em serviços públicos e privados, assim em táticas de resistência social e práticas urbanas insurgentes.
O livro está disponível na íntegra, acesse aqui!