Programa de Pós-Graduação do IPPUR organiza Ciclo de Diálogos em Planejamento Urbano e Regional
Boletim nº 72, 31 de agosto de 2023
Programa de Pós-Graduação do IPPUR organiza Ciclo de Diálogos em Planejamento Urbano e Regional
O Programa de Pós-graduação em Planejamento Urbano e Regional do IPPUR (PPGPUR) deu início a uma série de encontros com o objetivo de debater temas de interesse e relevância para o campo do planejamento urbano e regional e da gestão pública. O Ciclo de Diálogos em Planejamento Urbano e Regional pretende receber, uma vez por mês, palestrantes convidados/as de instituições brasileiras e estrangeiras. A primeira palestra do Ciclo, com o tema “Concepção de Justiça Espacial dentro da Política de Coesão Territorial Europeia”, ocorreu no dia 14 de agosto e foi ministrada pela professora Sarah Isabella Chiodi (Politécnico de Milão).
A equipe da Agência IPPUR conversou com o coordenador do PPGPUR, professor Filipe Souza Correa:
Agência: Qual a ideia do Ciclo de Diálogos e como deve se estruturar?
Filipe: Desde o início do ano assumimos a coordenação do PPGPUR com dois desafios: lidar com o retorno às atividades presenciais após o período de restrições sanitárias por conta da pandemia de COVID-19, e com as consequências do rebaixamento da nota do programa na avaliação Quadrienal da CAPES 2017-2020, cujos resultados foram divulgados no final de 2022. Sendo assim, assumimos com uma extensa lista de propostas, e uma delas era a retomada da realização de seminários presenciais com convidados externos ao programa. Daí veio a ideia da organização de um Ciclo de Diálogos em Planejamento Urbano Regional. Estamos chamando de Ciclo, pois a nossa proposta é que haja uma organização semestral desses encontros, que serão realizados preferencialmente nas segundas-feiras em que tivermos reunião do nosso Conselho Deliberativo do IPPUR, das 13h30 às 15h30, que é um horário reservado para atividades de palestras no nosso instituto. O ciclo atual ainda está em fase de adaptação, mas a proposta é que a cada mês tenhamos algum(a) convidado(a) de outro programa de pós-graduação, do Brasil ou de outros países, que possa falar sobre suas pesquisas, e, com isso, fortalecer nossos diálogos com pesquisadores(as) de outras instituições no sentido de um fortalecimento de nossas redes de pesquisa. Da mesma forma, esperamos promover um diálogo com abordagens teóricas e metodológicas que estão sendo empregadas de maneira inovadora em nossa área de Planejamento Urbano e Regional. Por isso a ideia de chamarmos esses encontros de Diálogos em Planejamento Urbano e Regional, sempre mediados por algum(a) pesquisador(a) integrante do nosso programa. Portanto, esperamos que essa atividade possa fortalecer nossa cooperação interinstitucional com outros programas da área e também servir como uma plataforma para uma estratégia de internacionalização do programa, pontos importantes na avaliação quadrienal da CAPES.
Agência: Como o Ciclo de Diálogos contribui para a formação de discentes e pesquisadores/as da Pós-Graduação e do curso de Gestão Pública para o Desenvolvimento Econômico e Social?
Filipe: Na resposta à questão anterior, falei de como o Ciclo de Debates contribui para nossa avaliação quadrienal, e deixei para falar agora sobre o desafio do retorno às atividades presenciais, porque na visão da coordenação, não há como pensar na formação de nossos discentes, professores(as) e pesquisadores(as) vinculados(as) ao programa, nem mesmo em relação ao curso de Gestão Pública, sem mencionarmos o desafio do retorno às atividades presenciais. E é importante destacar que esse desafio é duplo, no sentido de que estamos retomando as atividades presenciais após o período de restrições sanitárias por conta da pandemia de COVID-19, mas também pelo retorno às atividades presenciais na nossa sede original, no 5º andar do Edifício Jorge Machado Moreira, mais conhecido como Prédio da Reitoria, porque abrigava no seu 8º andar todas as pró-reitorias da nossa universidade até o incêndio ocorrido em 2016. De lá para cá, não só o nosso programa de pós-graduação, mas todo o instituto sofreu um impacto enorme em sua dinâmica de funcionamento. Os laboratórios de pesquisa perderam seus locais fixos para atividades presenciais. Alguns poucos conseguiram alocações improvisadas em prédios próximos, ou tiveram que apelar para o aluguel de salas comerciais ao custo dos próprios professores. Conseguimos uma instalação provisória no Prédio da Letras para nossas atividades administrativas essenciais e para as atividades letivas. No entanto, a dinâmica de convivência estimulada pela rotina nos laboratórios de pesquisa foi extremamente prejudicada para o corpo social da pós-graduação. E os impactos acabam sendo inevitáveis no estímulo à formação acadêmica que oferecemos. Portanto, o retorno de atividades coletivas presenciais na nossa sede é uma iniciativa que, além de fortalecer o contato com outros(as) pesquisadores(as) e temas de pesquisa relevantes para a nossa área, também servirá como um reforço de que a atividade científica é coletiva. E, para isso, nada melhor do que o contato face-a-face em atividades como os seminários promovidos presencialmente no nosso instituto.
Agência: Como foi o primeiro encontro e quais as expectativas para os próximos?
Filipe: Nesse primeiro encontro tivemos a presença da professora Sarah Isabella Chiodi, do Departamento de Arquitetura e Estudos Urbanos da Universidade Politécnica de Milão (Itália). A palestra discutiu a concepção de Justiça Espacial mobilizada como elemento discursivo na Política de Coesão Territorial Europeia promovida pela União Européia. Essa política busca combater as disparidades territoriais, reconhecidas como problema desde a criação do Fundo Social Europeu (FSE), a partir do Tratado de Roma (1957), passando pela criação do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), em 1975, e do Fundo de Coesão, em 1994. Por fim, desde 2008, a partir do Tratado de Lisboa, a coesão territorial passa a integrar como elemento chave diferentes escalas de gestão. Essa mudança permitiu não só a articulação entre diferentes fundos de desenvolvimento, como o desenvolvimento de ações localizadas no território, o que tem gerado contradições nas suas conexões com outras frentes de planejamento territorial. O tema, portanto, é de profundo interesse e relevância para pesquisas desenvolvidas no IPPUR, permitindo um olhar crítico sobre iniciativas de planejamento territorial e seu caráter discursivo, confrontando-as a partir de parâmetros de justiça espacial e permitindo abordagens comparadas entre as diferentes experiências, o que tem sido uma carência no nosso campo de estudos urbanos e regionais.