Reflexão sobre o gerenciamento de resíduos sólidos urbanos antes e após Covid-19
Boletim nº 23 – 04 de junho de 2020
Por Giulliana Mondelli¹, Ednei Rodrigues Silva² e Cássia Gonçalves de Souza³
RESUMO
Com a pandemia do COVID-19, o fluxo do gerenciamento de resíduos foi alterado em diversos locais do mundo, pois é necessário prevenir a disseminação da doença, garantir a saúde pública, a segurança do trabalho e reduzir os impactos ambientais dos resíduos gerados. Contudo, antes da pandemia, havia um grande esforço do poder público em promover uma hierarquia de destinação e tratamento dos resíduos sólidos em prol da sustentabilidade, a fim de reduzir ao máximo os custos, o tamanho e o número dos aterros sanitários e os impactos ambientais para evitar problemas maiores de saúde pública, sem contar a necessidade da extinção dos lixões nos países em desenvolvimento. Neste momento em que a maior parte dos países estão em quarentena (Abril de 2020), têm surgido diferentes normativas locais para separação, tratamento e disposição final dos resíduos sólidos urbanos, de acordo com a infraestrutura disponível e cultura de cada local. O presente artigo faz uma reflexão sobre as diferenças entre essas normativas e o que poderia ser válido para a realidade brasileira, considerando que mesmo com a disponibilidade de tratamentos e vacinas, o novo coronavírus continuará circulando e sendo um problema de saúde pública a ser evitado.
Palavras-chave: Novo coronavírus, SARS-CoV-2, Coleta seletiva, Triagem, Saúde Pública.
INTRODUÇÃO
Não há dúvidas que as atividades dos seres humanos geram impactos sobre o meio ambiente. Estas atividades utilizam recursos naturais, os quais são consumidos pela sociedade em velocidade superior à respectiva capacidade de renovação dos mesmos. Os processos que utilizam estes recursos produzem efluentes líquidos, sólidos e gasosos que sobrecarregam os ecossistemas. Toda a cadeia mencionada tem como consequências o aquecimento global, poluição, destruição da camada de ozônio, perda da cobertura vegetal, assim como extinção de espécies mais vulneráveis, comprometendo a sustentabilidade do Planeta para as futuras gerações.
Assim, o gerenciamento dos resíduos sólidos produzidos pela sociedade assume importância fundamental, dado que no contexto mundial a relação entre o crescimento populacional, industrialização e a consequente geração de resíduos (poluição) é motivo de estudos e discussões sobre as relações de interdependência entre estas variáveis e as possíveis medidas para mitigar as consequências de nossa sociedade sobre o meio ambiente.
Diante desta problemática, no Brasil o poder público tem trabalhado em prol de iniciativas que visam eliminar a disposição final de RSU em aterros controlados e lixões, além de propor instrumentos que visem diminuir o volume de resíduos dispostos em aterros sanitários, tais como a coleta seletiva e a compostagem. Desta forma, entende-se que a destinação e a disposição final adequadas trarão não apenas benefícios ambientais, mas também benefícios econômicos. A aplicação de tecnologias de separação mecânica, tratamento biológico e tratamento térmico têm se tornado alternativas interessantes, pois atendem a questões referentes às metas de recuperação dos resíduos e tem menor impacto social e ambiental. Além do potencial de recuperação de energia por meio do tratamento térmico, o material reciclável que retorna para a indústria, por meio de plantas de separação empregadas na Europa, Estados Unidos e recentemente no Brasil tem aproveitado parte do material que seria rejeito, porém atendendo certos padrões de qualidade para utilização como combustível em termoelétricas e fornos de cimento.
Diante deste contexto, o presente artigo tem como objetivo diagnosticar as ações propostas para gestão dos resíduos sólidos urbanos durante a pandemia provocada pelo novo coronavírus (COVID-19 ou SARS-CoV-2) por diferentes municípios, promovendo uma reflexão sobre como esta gestão se dará após o retorno das atividades presenciais e aglomerativas no Brasil.
Para acessar ao texto na íntegra, clique aqui.
¹Docente, Centro de Engenharia, Modelagem e Ciências Sociais Aplicadas, Universidade Federal do ABC, Santo André-SP, g.mondelli@ufabc.edu.br
²Engenheiro Civil, MSc., Ecourbis Ambiental, São Paulo-SP, erodrigues@ecourbis.com.br
³Tecnóloga em Gestão Ambiental, Prefeitura Universitária, Universidade Federal do ABC, Santo André-SP, cassia.souza@ufabc.edu.br