Seminário “Tucuruí: 35 anos depois”

Boletim nº 7 – 04 de dezembro de 2019

 

No dia 19 de novembro de 2019 foi realizado, em Belém, o Seminário “Tucuruí: 35 anos depois” no auditório de Filosofia (IFCH) da UFPA. O evento fez parte das atividades do projeto “As lutas dos atingidos pela usina hidrelétrica de Tucuruí – das primeiras mobilizações em contexto autoritário às condições de mobilização subsequentes à redemocratização do país”, sob a coordenação do profº Henri Acselrad, do IPPUR/UFRJ.

Este projeto interinstitucional, resultante do edital CAPES Memórias Brasileiras – conflitos sociais, reuniu equipes das universidades federais do Rio de Janeiro (UFRJ), do Pará (UFPA), do Sul e Sudeste do Pará (UNIFESSPA) e da Universidade Estadual do Pará (UEPA).

Ao longo da jornada foram apresentados os resultados de nove trabalhos de pesquisa, sendo uma tese de doutorado, seis dissertações de mestrado e dois trabalhos de iniciação científica sobre as disputas pela construção da memória dos atingidos.

Além da discussão dos trabalhos apresentados, contando com a participação de representantes dos atingidos, foi lançado um site, hospedado no provedor da UFPA, contendo documentação, depoimentos e vídeos produzidos em torno à construção da Hidrelétrica de Tucuruí e os conflitos socioambientais dela decorrentes, material colhido e elaborado ao longo dos três anos de duração do projeto.

Acesse aqui o site.

 

O Rio Morreu di Nóis

Documentário de Patrick Pardini sobre os Atingidos pela Barragem de Tucuruí.

Este documentário foi produzido no primeiro semestre de 1984 (antes do fechamento da barragem de Tucuruí), tendo por objetivo refletir sobre o significado dessa obra e suas consequências para o homem amazônico, a partir da visão da população da área de inundação da represa.

Para acessar ao documentário, clique aqui.

 

Memória em disputa: as lutas dos atingidos pela Usina Hidrelétrica de Tucuruí

O Boletim IPPUR divulga também a dissertação “A memória em disputa: as lutas dos atingidos pelas UHE de Tucuruí. Diferentes temporalidades de um grande projeto”, produzida pelo pesquisador Leandro Cesar Juarez com orientação do profº Henri Acselrad.

O trabalho visa recuperar e sistematizar o conhecimento relativo à memória do processo de deslocamento compulsório produzido pela construção da barragem de Tucuruí (PA), nos anos 70 e começo dos anos 90.

O caso é abordado a partir de duas perspectivas: por um lado, o ponto de vista das diferentes organizações de atingidos que surgiram na época, e por outro lado, da visão da empresa estatal responsável pela realização da obra, a Eletronorte.

Segundo Leandro Cesar Juarez, a análise se foca em diferentes documentos produzidos na época do conflito desatado pelo deslocamento compulsório (1973-1984) por parte destes dois conjuntos de agentes, caracterizados como documentos de memória em processo, ou de curto prazo.

“Já num segundo momento, analiso os documentos feitos com posterioridade à inauguração da usina e ao processo de relocações, os quais estão atravessados por uma mudança na conjuntura política, tanto do país com a transição democrática; do setor elétrico, que começará a dar mais importância às problemáticas socioambientais; e do Movimento que, logo após o deslocamento compulsório, terá novos objetivos. Estes documentos terão como base a memória da experiência dos principais fatos do conflito desatado pelo deslocamento populacional (1973-1984) para atingir diferentes objetivos estratégicos”, explica o pesquisador.

De acordo ainda com Leandro Cesar Juarez, esse tipo de memória pode ser caracterizada como memória pós-deslocamento, ou memória de longo prazo.

“Assim, abordamos a memória do conflito ocasionado durante toda primeira etapa de Tucuruí (1973-1992) como um campo em construção onde os agentes envolvidos acionam diferentes estratégias políticas e discursivas em diferentes períodos que visam legitimar a perspectiva desde a qual se posicionam. Desta forma, buscamos mostrar que a memória não é neutra nem espontânea, senão que a construção dela, está atravessada pelos interesses em jogo dos agentes que a evocam”.

Acesse aqui o trabalho completo “A memória em disputa”.